quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Currículo Escolar Real, Oculto e Prescrito


Fundamentalmente, o currículo é uma lista de tudo aquilo que uma escola anseia ensinar. Podendo conter informações mais concisas sobre como e quando vai fazê-lo e ainda sobre os processos de avaliação das aprendizagens. Na maioria das vezes, resume-se a uma relação de matérias, cada uma com seus conteúdos, expostos na sequência na qual devem ser trabalhados com os educandos de cada série.
Os currículos evoluem ao longo do período e podem sofrer muitas transformações no espaço de algumas gerações. Matérias podem oculta-se, como o Latim. Outras podem ser criadas, como a disciplina de Educação Moral e Cívica, nos anos da ditadura, ou a Educação Ambiental, mais recentemente. Novos conteúdos podem ser acionados, seja por causa de evoluções da ciência acadêmica (como no caso do DNA em Biologia ou da teoria do Big-Bang em Ciências), seja por vontade de reformular as metodologias de ensino.
O currículo pode ser uma referência sobre o modo de ser da escola, principalmente quando proporciona inovações em seus conteúdos. De acordo com Gimeno Sacristán (2000) hoje, essas novidades podem ser divididas em duas grandes categorias:
- Enriquecimento da lista básica de conteúdos ofertados: artes, música, informática, entre outras novas áreas, e conteúdos multidisciplinares (como ecologia, educação sexual, ética, etc.) podem começar a ser incluídos na lista do que a escola pretende oferecer aos alunos.
- Simplificação de conteúdos ("núcleo básico" ou "tronco comum") e tentativa de criar um "currículo vivo". Essa mudança vem da percepção de que, mais do que trabalhar conteúdos específicos, o importante na educação fundamental é adquirir algumas habilidades e competências básicas, como dominar a linguagem escrita e a linguagem matemática, etc. Diferentes conteúdos e situações podem ser aproveitados para desenvolver essas competências básicas. Conversar com alunos de outra escola, via Internet, é um exemplo de uma situação que pode surgir durante o ano e servir como excelente ponto de partida para trabalhar a linguagem escrita (produção de textos, revisão gramatical e ortográfica) ou os conhecimentos geográficos (como é o lugar onde vive o sujeito com quem estão se correspondendo?).
 Outro conceito importante é o de "currículo oculto", que abrange vários valores (por exemplo: religião, preconceitos de cor e de classe, regras de comportamento, etc.) que a instituição escolar pode ensinar, mesmo sem mencioná-los em seu currículo.
Possui ainda o currículo prescrito, que pode ser acentuado como um conjunto de decisões normativas que são determinadas nos gabinetes das secretarias federais, estaduais e municipais de educação. É um currículo inteiramente distanciado do currículo real, pois não respeita a diferença, e não é construído pelos que fazem a escola no dia a dia. 
O currículo prescrito inflige à escola o papel de passar uma cultura com base na lógica da reprodução, um currículo igual para todo o território e para todos os educandos, edificado para que o educador o execute da maneira como veio estruturado.
Mesmo o currículo sendo prescrito, o educador por meio de sua interação deve construir, no dia a dia, novas opções curriculares para a sua prática docente.
Atualmente existem escolas que ainda pensam que todos têm que ser parecidos, onde a instituição escolar sempre se organizou a partir dos padrões a serem cumpridos por todos, com métodos, práticas de que a aprendizagem ocorre no mesmo ritmo e no mesmo tempo, eliminando aqueles que fogem a esse padrão, com classificações e seleções fundamentadas no modelo tradicional.
A escola se diz inclusiva, porém persiste tratando os educandos que são por naturezas diferentes, como se todos fossem iguais, excluem aqueles que não se adéquam nos grupos sociais e culturais que a cultura escolar estabelece. 
Existem vários mecanismos que avigoram as desigualdades socioculturais nos sistemas educacionais, um desses mecanismos é o livro didático.
Assim como o currículo prescrito que vem finalizado para o educador executar, o livro didático também é igual. O educador necessita ver o livro didático como um apoio um norte e não algo que o torne único.
O educador precisa utilizar o livro didático como um recurso que irá auxiliá-lo em sua prática, ajustando uma pedagogia emancipatória, de superação de uma cultura escolar excludente e de um pensar que passa pelo projeto curricular da escola.
Portanto, é preciso afirmar que a simples leitura do currículo não é satisfatória para dar uma ideia de como funciona uma escola. Pois possui grandes diferenças entre o currículo oficial e o que efetivamente se passa em sala de aula, que se pode chamar de "currículo real".
 














Professores, diante do texto e do vídeo, vamos realizar um debate???

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GIMENO SACRISTÁN, J. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3.ed. Porto Alegre: Artemed, 2000.