Fundamentalmente, o currículo é uma
lista de tudo aquilo que uma escola anseia ensinar. Podendo conter informações
mais concisas sobre como e quando vai fazê-lo e ainda sobre os processos de
avaliação das aprendizagens. Na maioria das vezes, resume-se a uma relação de
matérias, cada uma com seus conteúdos, expostos na sequência na qual devem ser
trabalhados com os educandos de cada série.
Os
currículos evoluem ao longo do período e podem sofrer muitas transformações no
espaço de algumas gerações. Matérias podem oculta-se, como o Latim. Outras
podem ser criadas, como a disciplina de Educação Moral e Cívica, nos anos da
ditadura, ou a Educação Ambiental, mais recentemente. Novos conteúdos podem ser
acionados, seja por causa de evoluções da ciência acadêmica (como no caso do
DNA em Biologia ou da teoria do Big-Bang em Ciências), seja por vontade de
reformular as metodologias de ensino.
O currículo pode ser uma referência sobre o modo de ser da escola, principalmente
quando proporciona inovações em seus conteúdos. De acordo com Gimeno Sacristán (2000) hoje, essas novidades podem ser divididas em duas grandes categorias:
-
Enriquecimento da lista básica de conteúdos ofertados: artes, música,
informática, entre outras novas áreas, e conteúdos multidisciplinares (como
ecologia, educação sexual, ética, etc.) podem começar a ser incluídos na lista
do que a escola pretende oferecer aos alunos.
-
Simplificação de conteúdos ("núcleo básico" ou "tronco
comum") e tentativa de criar um "currículo vivo". Essa mudança
vem da percepção de que, mais do que trabalhar conteúdos específicos, o
importante na educação fundamental é adquirir algumas habilidades e competências
básicas, como dominar a linguagem escrita e a linguagem matemática, etc.
Diferentes conteúdos e situações podem ser aproveitados para desenvolver essas
competências básicas. Conversar com alunos de outra escola, via Internet, é um
exemplo de uma situação que pode surgir durante o ano e servir como excelente
ponto de partida para trabalhar a linguagem escrita (produção de textos,
revisão gramatical e
ortográfica) ou os conhecimentos geográficos (como é o lugar onde vive o
sujeito com quem estão se correspondendo?).
Outro conceito importante é o de "currículo
oculto", que abrange vários valores (por exemplo: religião, preconceitos
de cor e de classe, regras de comportamento, etc.) que a instituição escolar
pode ensinar, mesmo sem mencioná-los em seu currículo.
Possui ainda
o currículo prescrito, que pode ser acentuado como um conjunto de decisões
normativas que são determinadas nos gabinetes das secretarias federais,
estaduais e municipais de educação. É um currículo inteiramente distanciado do
currículo real, pois não respeita a diferença, e não é construído pelos que
fazem a escola no dia a dia.
O currículo prescrito inflige à escola o papel de passar uma cultura com
base na lógica da reprodução, um currículo igual para todo o território e para
todos os educandos, edificado para que o educador o execute da maneira como
veio estruturado.
Mesmo o currículo sendo prescrito, o educador por meio de sua interação
deve construir, no dia a dia, novas opções curriculares para a sua prática
docente.
Atualmente existem escolas que ainda pensam que todos têm que ser parecidos,
onde a instituição escolar sempre se organizou a partir dos padrões a serem
cumpridos por todos, com métodos, práticas de que a aprendizagem ocorre no
mesmo ritmo e no mesmo tempo, eliminando aqueles que fogem a esse padrão, com
classificações e seleções fundamentadas no modelo tradicional.
A escola se diz inclusiva, porém persiste tratando os educandos que são
por naturezas diferentes, como se todos fossem iguais, excluem aqueles que não
se adéquam nos grupos sociais e culturais que a cultura escolar estabelece.
Existem vários mecanismos que avigoram as desigualdades socioculturais
nos sistemas educacionais, um desses mecanismos é o livro didático.
Assim como o currículo prescrito que vem finalizado para o educador
executar, o livro didático também é igual. O educador necessita ver o livro
didático como um apoio um norte e não algo que o torne único.
O educador precisa utilizar o livro didático como um recurso que irá
auxiliá-lo em sua prática, ajustando uma pedagogia emancipatória, de superação
de uma cultura escolar excludente e de um pensar que passa pelo projeto
curricular da escola.
Portanto, é preciso afirmar que a simples leitura do currículo não é satisfatória
para dar uma ideia de como funciona uma escola. Pois possui grandes diferenças
entre o currículo oficial e o que efetivamente se passa em sala de aula, que se
pode chamar de "currículo real".
Professores, diante do texto e do vídeo, vamos realizar um debate???
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
GIMENO SACRISTÁN, J. O currículo:
uma reflexão sobre a prática. 3.ed. Porto Alegre: Artemed, 2000.